Podia ter corrido mal #1 | Polícia russa

Polícia russa

Uma e meia da manhã, São Petersburgo, Rússia.

Íamos nós a caminho do aeroporto num táxi previamente requisitado, quando a cerca de 2 kms do nosso destino fomos mandados parar pela polícia russa, numa espécie de operação STOP como as que por cá se fazem.

Já estávamos há 6 dias na Rússia. Tudo até agora tinha decorrido com normalidade e por isso, até ao momento, as histórias que tínhamos lido e ouvido sobre a polícia russa tinham acabado por se desmistificar e caído no esquecimento. Mas, a forma como os polícias nos olharam não foi nada agradável, no entanto pensámos: não há nada a temer pois temos os documentos todos em ordem e já estamos de saída!

Eis que ao encostar a condutora nos diz: “Se vos perguntarem alguma coisa, digam que são meus amigos, os polícias aqui não gostam de taxistas”, e saiu do carro. Amigos? Como assim? Nem sabíamos o nome dela! Só me lembro de dizer: “Espero que isto não corra mal”. Ela esteve uns 5 minutos lá fora a falar com os polícias e a mostrar papéis. Teve também de abrir a bagageira onde estavam as nossas malas. Não faço a mínima ideia sobre o teor da conversa que mantiveram, sei apenas que esses 5 minutos pareceram uma eternidade.

Dentro do carro ficámos em silêncio, expectantes, à espera do que iria acontecer. Durante esse tempo pensei em duas hipóteses. Se dizemos a verdade estamos sujeitos a ter de esclarecer porque é que a transferista disse que éramos amigos se afinal não era verdade. Muito provavelmente isso implicaria perder o avião. Além disso, a data do nosso visto terminava naquele dia. A segunda hipótese era dizer que a conhecíamos mas bastava fazerem-nos mais uma ou duas perguntas para rapidamente perceberem que estávamos todos a mentir. Penso que neste caso o cenário também não seria o mais favorável.

De repente ela entra, diz que está tudo bem e arranca em direção ao aeroporto. Ai que me ia dando o fanico! Certo é que a rapariga foi sempre extremamente simpática e atenciosa para connosco, mas isto não se faz! Que grande susto!

Então ela explicou-nos (não sei se é verdade ou não), que a polícia russa não gosta de taxistas porque têm de verificar um monte de documentos e que demoram sempre imenso tempo, pelo que muito provavelmente teríamos de ficar ali parados uma boa meia hora. Como o carro não tinha nada que o identificasse como sendo táxi, então ela terá dito que éramos seus amigos e que apenas nos estava a levar ao aeroporto.

Agora pergunto-me, não terá sido uma desculpa? Se calhar a verdade é que lhe faltava alguma licença ou assim, ou então tinha mais serviços para fazer e se ficassem ali muito tempo a conferir os documentos chegaria atrasada, não sei! Só sei que continuo sem saber o que teria dito à polícia se eles nos tivessem feito alguma pergunta.

A rapariga foi tão prestável que me custou deixar uma crítica negativa pelo que se passou pois, na realidade, não sei qual foi o real motivo para nos ter dito aquilo. Foi para se despachar, para não nos atrasar ou porque escondia alguma coisa?

O que é certo é que nos pregou um valente susto e fez-me começar a pensar que às tantas também eu iria ter uma história de polícias russos para contar mais tarde. A verdade é que correu tudo bem, mas bem que podia ter corrido mal!

 

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5 comentários

  1. São essas situações que tornam as viagens inesqueciveis, pelo menos quando voltamos porque na hora… Na realidade tambem ouvimos muitas historias da policia russa mas connosco decorreu tudo na normalidade, só no regresso não me deixaram embarcar porque a minha mala iria ser revistada, 5 minutos depois estava a entrar para o avião.

    1. Olá Luís, é bem verdade! Na hora não tem piada nenhuma mas depois fica uma história para contar! Na Rússia temos de estar preparados para quase tudo
      ! 🙂

  2. Eu sempre ouvi dizer, pela boca de vários russos que conheci, para se evitar o contacto com a polícia sempre que possível. Nunca me chatearam nem quiserem nada comigo, por isso não sei, em primeira mão, o que pode acontecer. Mas suponho que essa condutora tenha alguma experiência. Talvez lhe faltasse algum documento, como especulas, ou então sabia exactamente como reagir num encontro policial. A verdade é que tudo se resolveu, certo? Por isso a condutora devia saber o que fazia. Ou então foi pura sorte, o que também é muito útil em viagem 😛

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